Endometriose é uma patologia que por definição consiste na presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) é classificada em peritoneal (implantes no peritônio), profunda (implantes de 5 mm ou mais em profundidade) e ovariana (formações císticas com hemossiderina na superfície ovariana). Os implantes crescem por estímulo estrogênico. A doença pode ser assintomática ou provocar dor quando ocorre a privação hormonal fisiológica durante o ciclo menstrual (período pré-menstrual e menstrual).
As pacientes com endometriose podem ser assintomáticas ou apresentar sintomas álgicos relacionados à menstruação. A dismenorreia, dispareunia e dor pélvica crônica são os mais característicos. Pacientes com comprometimento intestinal podem apresentar disquezia e hematoquezia no período menstrual. As com endometriose no trato urinário podem apresentar disúria e hematúria, também no período menstrual. Além disso, endometriose é uma importante causa de infertilidade no Brasil e no mundo. Uma particularidade clínica importante da patologia é que a extensão da doença na pelve não tem relação com a intensidade dos sintomas referidos pela paciente. Isso significa que algumas pacientes com dor importante podem ter pouca evidência de doença enquanto aquelas oligo ou assintomáticas podem ter vários focos identificáveis.
A despeito do aprimoramento da técnica cirúrgica, as indicações cirúrgicas na endometriose têm sido reduzidas frente ao aumento da acurácia diagnóstica dos exames de imagem. As indicações formais de cirurgia de acordo com o Tratado de Ginecologia da FEBRASGO são infertilidade, presença de endometriomas maiores de 6 cm ou doença obstruindo trato gastrointestinal e/ou urinário.
Nos demais cenários, recomenda-se o tratamento empírico com o objetivo de promover amenorreia e redução dos sintomas. O ideal é que a paciente seja submetida ao menor número de intervenções cirúrgicas ao longo da vida. O arsenal terapêutico da endometriose que pode ser listado é: analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides, anticoncepcional combinado oral contínuo, progestogênio oral contínuo, sistema intrauterino liberador de levonorgestrel, danazol, gestrinona ou ainda análogos do GnRH.
Apesar de amplamente utilizado no passado, o marcador sérico CA-125 não é mais utilizado no diagnóstico e seguimento de paciente tratada de endometriose. O motivo principal é a sua baixa especificidade, ou seja, pode alterar em outras patologias como adenomiose, doença inflamatória pélvica, miomatose e câncer ovariano.
Fonte:
– Fernandes CE, Silva de Sá MF, eds. Tratado de Ginecologia Febrasgo. 1ªed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2019.
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